Nação, o que é?
A nação, como dizia Jacques Maritain, é uma comunidade de modos típicos de sentimentos, enraizada no chão físico da origem do grupo e no chão moral da história. É reconhecermos que uma determinada comunidade só se torna ou só permanece como nação quando esta situação de facto entra na esfera tomada de consciência, quando o grupo alcança ou resiste numa psique comum. É, como dizia Fernando Pessoa ter raízes no passado e raízes no futuro.
Porque a nação teria sempre uma triplice relação com o passado, o presente (nacional e estrangeiro) e o futuro. Porque em todos os períodos há forças que tendem para manter o que está, porque tendem a adaptar o que existe às condições presentes, e forças que tendem a dirigir o presente para um norte previsto, visionado no futuro.
Uma Nação é, assim, um organismo específico em que, como em todos os organismos, lutam, sustentando‑o, forças que tendem a dissolvê‑lo e forças que tendem a conservá‑lo. Entre as forças de integração, Pessoa coloca, em primeiro lugar, a homogeneidade do carácter nacional, cuja acção integradora consiste em nacionalizar todos os fenómenos importados do estrangeiro. Refere, em segundo lugar, a coordenação das forças sociais e, em terceiro, a sociabilização das forças individuais, considerando que a decadência artística e literária é o fenómeno mais representativo da decadência essencial de uma nação.
Temos, pois, que a nação é entendida como um conceito puramente místico, como um meio de criar uma civilização, como um organismo capaz de progresso e de civilização. Porque a nação sendo uma realidade social não o é material. É mais um tronco do que uma raiz. O Indivíduo e a Humanidade são lugares, a nação o caminho entre eles. . . A Nação é a escola presente para a Super‑Nação futura.
Ser Portugal é viver Portugal, esta algema de séculos que nos prende e nos liberta, este sermos pigmeus sobre a cabeça de um gigante. Ser Portugal tem de ser, cada vez, aquele ser tudo pela Humanidade e nada contra a Nação.
As nações são sempre, como assinalava Georges Burdeau, um sonho de futuro partilhado, situando‑se naquela terra de fronteira, onde confluem a poesia e a história. Porque se o homem é razão e vontade, também não deixa de ser imaginação. E nestes tempos de homo aeconomicus, importa fazer lembrar que também somos um animal symbolicum. Porque, como dizia Paul Ricoeur, toda a razão tem um horizonte sobredeterminado pela crença;porque há um ponto onde o racional comunica com um mítico; porque há toda uma constituição simbólica do laço social.
A nação não é, contudo, um qualquer mito, da mesma família das ideologias, como certo neomarxismo tende a propagar, com algum êxito, sob aparentes roupagens vocabulares que recobrem as respectivas origens . A nação é também um facto e um valor. E os valores nada têm de subjectivo ou de arbitrário. Nem sequer estão para além da realidade. Os valores apenas existem para penetrar a realidade. São como a luz que atravessa certos corpos e lhes dá significação.
Veja‑se o que ensinou esse grande mestre que foi Hernâni Cidade, quando definia a nação como algo que tanto é um corpo geográfico como uma alma espiritual. Porque os agrupamentos sociais, já unidos ou em processo de se unir pela comunidade do sangue e da língua, vivem durante transcursos, que podem ser de séculos ou de milénios, sob idênticas forças de modelação física e espiritual ‑ o mesmo ambiente geográfico, o mesmo clima, a mesma alimentação, as mesmas condições de actividade, os mesmos estímulos de pensamento e de imaginação. A esta situação chama vago e instintivo impulso de convergência a que se pode seguir um intencional esforço de concórdia de vontades lúcidas, o que acontece sob o incitamento de um chefe e na oposição a outro grupo. E a nação forma‑se com o seu corpo geográfico e a sua alma espiritual, quando às colectivas determinações do presente começam a dar apoio as memórias colectivas do passado, começam a determinar objectivo as aspirações colectivas do futuro. Por seu lado, a Pátria é algo de diferente: da Nação emerge a Pátria, quando, à luz da cultura clássica, que ensina a palavra e aviva o orgulho que ela suscita, se exalta o sentimento de suas singularidades reais e supostas, de seus triunfos no esforço por que as vai afirmando. E estamos em face duma nova realidade espiritual, duma nova personalidade colectiva.
Porque a nação teria sempre uma triplice relação com o passado, o presente (nacional e estrangeiro) e o futuro. Porque em todos os períodos há forças que tendem para manter o que está, porque tendem a adaptar o que existe às condições presentes, e forças que tendem a dirigir o presente para um norte previsto, visionado no futuro.
Uma Nação é, assim, um organismo específico em que, como em todos os organismos, lutam, sustentando‑o, forças que tendem a dissolvê‑lo e forças que tendem a conservá‑lo. Entre as forças de integração, Pessoa coloca, em primeiro lugar, a homogeneidade do carácter nacional, cuja acção integradora consiste em nacionalizar todos os fenómenos importados do estrangeiro. Refere, em segundo lugar, a coordenação das forças sociais e, em terceiro, a sociabilização das forças individuais, considerando que a decadência artística e literária é o fenómeno mais representativo da decadência essencial de uma nação.
Temos, pois, que a nação é entendida como um conceito puramente místico, como um meio de criar uma civilização, como um organismo capaz de progresso e de civilização. Porque a nação sendo uma realidade social não o é material. É mais um tronco do que uma raiz. O Indivíduo e a Humanidade são lugares, a nação o caminho entre eles. . . A Nação é a escola presente para a Super‑Nação futura.
Ser Portugal é viver Portugal, esta algema de séculos que nos prende e nos liberta, este sermos pigmeus sobre a cabeça de um gigante. Ser Portugal tem de ser, cada vez, aquele ser tudo pela Humanidade e nada contra a Nação.
As nações são sempre, como assinalava Georges Burdeau, um sonho de futuro partilhado, situando‑se naquela terra de fronteira, onde confluem a poesia e a história. Porque se o homem é razão e vontade, também não deixa de ser imaginação. E nestes tempos de homo aeconomicus, importa fazer lembrar que também somos um animal symbolicum. Porque, como dizia Paul Ricoeur, toda a razão tem um horizonte sobredeterminado pela crença;porque há um ponto onde o racional comunica com um mítico; porque há toda uma constituição simbólica do laço social.
A nação não é, contudo, um qualquer mito, da mesma família das ideologias, como certo neomarxismo tende a propagar, com algum êxito, sob aparentes roupagens vocabulares que recobrem as respectivas origens . A nação é também um facto e um valor. E os valores nada têm de subjectivo ou de arbitrário. Nem sequer estão para além da realidade. Os valores apenas existem para penetrar a realidade. São como a luz que atravessa certos corpos e lhes dá significação.
Veja‑se o que ensinou esse grande mestre que foi Hernâni Cidade, quando definia a nação como algo que tanto é um corpo geográfico como uma alma espiritual. Porque os agrupamentos sociais, já unidos ou em processo de se unir pela comunidade do sangue e da língua, vivem durante transcursos, que podem ser de séculos ou de milénios, sob idênticas forças de modelação física e espiritual ‑ o mesmo ambiente geográfico, o mesmo clima, a mesma alimentação, as mesmas condições de actividade, os mesmos estímulos de pensamento e de imaginação. A esta situação chama vago e instintivo impulso de convergência a que se pode seguir um intencional esforço de concórdia de vontades lúcidas, o que acontece sob o incitamento de um chefe e na oposição a outro grupo. E a nação forma‑se com o seu corpo geográfico e a sua alma espiritual, quando às colectivas determinações do presente começam a dar apoio as memórias colectivas do passado, começam a determinar objectivo as aspirações colectivas do futuro. Por seu lado, a Pátria é algo de diferente: da Nação emerge a Pátria, quando, à luz da cultura clássica, que ensina a palavra e aviva o orgulho que ela suscita, se exalta o sentimento de suas singularidades reais e supostas, de seus triunfos no esforço por que as vai afirmando. E estamos em face duma nova realidade espiritual, duma nova personalidade colectiva.
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